Paulo Baptista
Paisagens da Serra do
Espinhaço
O panorama contemporâneo das artes encontra um lugar
importante no território da fotografia e suas imagens, onde os profissionais da
área identificam a arte em diferentes motivações. Neste contexto, segundo Charlotte
Cotton, na década de 1920 aparece o termo fotografia
documental a designar um campo de produção de imagens onde os fotógrafos
expressam um grande interesse diante da representação de grupos socialmente
marginalizados. A fotógrafa francesa Sophie Ristelhueber, na década de 1980,
propõe imagens da trágica destruição da natureza e da civilização como, por
exemplo, suas fotos realizadas durante a guerra civil do Líbano. Esse tipo de
fotografia documental registra o que ficou para trás depois do momento da
destruição, colocando-se em uma perspectiva de visão e de julgamento.
Paulo Baptista mostra nas suas paisagens um registro
memorial que se antepõe à fase da destruição registrada por Ristelhueber nas
suas séries documentais, estimulando a consciência preservacionista. A
fotografia documental de Baptista adota uma postura antirreportagem, ao se
apresentar dentro de um espaço temporal, passando pela contemplação e
apresentando o resultado da interação entre o artista e o meio natural. Deste
modo, o resultado final mostra-se como uma importante ferramenta política e
social para discutir a preservação do meio ambiente na atualidade: Arte é
essencialmente um meio de expressão e interação com o mundo; para mim, tem sido
cada vez mais um instrumento de participação e atuação política, afirma o artista.
Professor e pesquisador na Escola de Belas Artes da
UFMG, Paulo Baptista nasceu em 1956, em Belo Horizonte. Seu trabalho já foi
apresentado em diversas exposições individuais e coletivas, desde 1981, e
encontra-se representado nos acervos da Coleção Pirelli/MASP de Fotografia do
Museu de Arte de São Paulo, do Museu da Fotografia de Curitiba e do Museu
Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte.
A Galeria de Arte GTO do SESC Palladium apresenta,
nesta edição, um conjunto de dezenove fotografias em grande formato produzidas
na Serra do Espinhaço, em um período de aproximadamente 18 anos, em cores e em
preto e branco. As mais recentes, realizadas entre 2008 e 2012, são processo e
produto de sua pesquisa de doutorado em Artes, que discute as relações entre
fotografia, paisagem e preservação ambiental.
Jorge Cabrera
Direção de curadoria
Galeria de Arte GTO. SESC Palladium. Brasil
Jorge Cabrera
Direção de curadoria
Galeria de Arte GTO. SESC Palladium. Brasil