domingo, 22 de julho de 2012


Paulo Baptista
Paisagens da Serra do Espinhaço

O panorama contemporâneo das artes encontra um lugar importante no território da fotografia e suas imagens, onde os profissionais da área identificam a arte em diferentes motivações. Neste contexto, segundo Charlotte Cotton, na década de 1920 aparece o termo fotografia documental a designar um campo de produção de imagens onde os fotógrafos expressam um grande interesse diante da representação de grupos socialmente marginalizados. A fotógrafa francesa Sophie Ristelhueber, na década de 1980, propõe imagens da trágica destruição da natureza e da civilização como, por exemplo, suas fotos realizadas durante a guerra civil do Líbano. Esse tipo de fotografia documental registra o que ficou para trás depois do momento da destruição, colocando-se em uma perspectiva de visão e de julgamento.

Paulo Baptista mostra nas suas paisagens um registro memorial que se antepõe à fase da destruição registrada por Ristelhueber nas suas séries documentais, estimulando a consciência preservacionista. A fotografia documental de Baptista adota uma postura antirreportagem, ao se apresentar dentro de um espaço temporal, passando pela contemplação e apresentando o resultado da interação entre o artista e o meio natural. Deste modo, o resultado final mostra-se como uma importante ferramenta política e social para discutir a preservação do meio ambiente na atualidade: Arte é essencialmente um meio de expressão e interação com o mundo; para mim, tem sido cada vez mais um instrumento de participação e atuação política, afirma o artista.

Professor e pesquisador na Escola de Belas Artes da UFMG, Paulo Baptista nasceu em 1956, em Belo Horizonte. Seu trabalho já foi apresentado em diversas exposições individuais e coletivas, desde 1981, e encontra-se representado nos acervos da Coleção Pirelli/MASP de Fotografia do Museu de Arte de São Paulo, do Museu da Fotografia de Curitiba e do Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte. 

A Galeria de Arte GTO do SESC Palladium apresenta, nesta edição, um conjunto de dezenove fotografias em grande formato produzidas na Serra do Espinhaço, em um período de aproximadamente 18 anos, em cores e em preto e branco. As mais recentes, realizadas entre 2008 e 2012, são processo e produto de sua pesquisa de doutorado em Artes, que discute as relações entre fotografia, paisagem e preservação ambiental. 


Jorge Cabrera
Direção de curadoria
Galeria de Arte GTO. SESC Palladium. Brasil

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